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Foto do escritorSilva, LMP

Influência da textura dos alimentos no metabolismo energético e adiposidade.

Não é novidade o fato da condição de obesidade ser de causa multifatorial, mas fortemente influenciada pela repetição de hábitos alimentares inadequados. Entre tais componentes, o trabalho conduzido por Han et al (2018) mostra que a mastigação ineficiente é mais um dos fatores associados à doença. Utilizando-se da experimentação animal como fundamental à mimetização do comportamento alimentar humano, estudos anteriores realizados com roedores já deixaram claro que, quando alimentados com pellets moles, ocorre intolerância à glicose, resistência à insulina, acompanhada pela interrupção da sinalização de insulina e hiperplasia das células β-pancretáticas, além de aumento da gordura abdominal. Assim, é notável que a textura dos alimentos possa ter influência significativa na regulação da homeostase energética.

A publicação na revista “Experimental Physiology” aborda a seguinte questão central: qual o efeito da textura dos alimentos no acúmulo de gordura, lipogênese e fatores pró-inflamatórios no tecido adiposo e no balanço energético de ratos? Assim, foram separados 2 grupos de ratos machos, da espécie Wistar, com 7 semanas de idade. O grupo controle (Control Pelet [CP]) foi alimentado com ração padrão, composta por 51% de carboidratos, 25% de proteína e 4,6% de gordura. Já o grupo tratado (Soft Pelet [SP]) foi alimentado com a mesma ração, mas umedecida com água, onde, para cada 1 g de ração adicionou-se 1,5 mL de água destilada. O experimento ocorreu durante 27 semanas, com alimentação ad libitum.

Não houve diferença significante de peso entre os grupos, contudo, a ingestão calórica, a lipogênese e o acúmulo de gordura foram maiores no grupo de dieta soft. Ademais, em ratos SP o gasto energético e a utilização de gordura para produção de energia foi maior, o que explica o possível controle do peso. Os níveis de leptina plasmática foram maiores em ratos SP, enquanto os neuropeptídeos anorexígenos CART e POMC estavam reduzidos, quando comparados ao grupo controle, o que explica a ingestão aumentada e aponta para a possível resistência central à leptina nesses animais. As catecolaminas, que são uma resposta ao excesso de gordura, estiveram em maior concentração no grupo SP. Por fim, a expressão dos genes FASN e MCP1, e o conteúdo proteico de ACC (acetil CoA-carboxilase) e pJNK (c-Jun N-terminal kinase), que sinalizam lipogênese (FASN e ACC) e inflamação (MCP1 e pJNK), foram maiores no grupo SP quando comparado ao controle. Dessa forma, o trabalho conclui que, mesmo quando o IMC se encontra dentro do padrão esperado, o consumo frequente de alimentos pastosos pode contribuir para o desenvolvimento de doenças relacionadas ao estilo de vida.

De forma interessante, é fundamental que esse tipo de investigação seja reproduzida em humanos, com randomização e duplo cego, para confirmação dos importante resultados. Diversas diretrizes nacionais e internacionais que tratam sobre o controle da obesidade demonstram a irrelevância do uso de “shakes”, sendo que o presente trabalho aponta para um potencial até mesmo danoso quando do uso desses produtos. Caso seja mesmo comprovado, será necessário a rápida consideração desse aspecto também no conjunto de intervenções do nutricionista clínico.


Referência:

1 - Wanxin Han, Maiko Utoyoma, Sayaka Akieda-Asai, Ayano Hidaka, Chihiro Yamada, Kazuya Hasegawa, Hiroyuki Nunoi, Yukari Date. Influence of food texture on energy metabolism and adiposity in male rats. Experimental Physiology. 2018, Out.; 103(10):1347-1356. DOI: 10.1113/EP087072


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